Audrey Kathleen Hepburn-Ruston nasceu em Ixelles no dia 04 de maio de 1929, filha única do matrimonio de Joseph Anthony Hepburn-Ruston, banqueiro britânico-irlandês, e Ella van Heemstra Hepburn-Ruston, baronesa holandesa descendente do rei inglês Eduardo III. Tinha dois meio-irmãos, Alexander van Heemstra Ufford e Ian Quarles van Heemstra Ufford, do primeiro casamento da sua mãe com um nobre holandês. Seus pais se divorciaram quando tinha 09 anos, o que mudou radicalmente a vida de Audrey, para manter a jovem afastada das brigas familiares, sua mãe a enviou para um internato no interior da Inglaterra, onde ela se apaixonou por dança, aprendendo balé.
Todavia, em 1939 com o inicio da Segunda Guerra Mundial e com a declaração de guerra por parte da Inglaterra a Alemanha, Audrey foi retirada pela mãe do país e levada de volta para Holanda. Instalou-se com sua mãe e meio-irmãos na casa de seu avô em Arnhem, território ainda não ameaçado pelos nazistas. Durante os seis próximos anos Audrey dedicou-se a sua educação básica e aos estudos de balé clássico e piano.
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Audrey Hepburn praticando balé. |
Porém, com a invasão na Holanda em 1940 a família de Audrey teve que esconder sua identidade inglesa, passando por uma série de privações. Muitas vezes Audrey teve que comer folhas de tulipas para sobreviver. Envolvida com a Resistência, ela participou de alguns espetáculos clandestinos de balé para angariar fundos e levava mensagens secretas em suas sapatilhas. Neste período o holandês se converteu em sua língua habitual e passou a usar o nome Edda van Heemstra. Em 1944 com a chegada das tropas aliadas em Normadia fez com que os nazistas radicalizassem ainda mais suas posturas nos territórios já conquistados, na Holanda os alimentos foram confiscados gerando uma imensa fome na população local. Nesse período começou a magreza excessiva de Audrey, que sofreu de anemia e má-nutrição.
Com o fim da Guerra em 1945, Audrey e sua mãe mudaram para a Inglaterra, onde ingressou na prestigiada escola de balé Marie Rambert. Porém sua professora foi categórica ao dizer que ela era alta de mais e não tinha talento suficiente para se tornar uma bailarina prima. Desiludida e ainda afetada pela fome da guerra, passou a trabalhar como corista e modelo fotográfica para garantir o sustento da família.
Foi nesse ponto que decidiu investir em outra arear: a atuação. Investindo no teatro, teve sua estreia no documentário ‘Dutch in Seven Lessons’, seguido por uma série de pequenos filmes. Em 1952 viajou para França para a gravação de Montecarlo Baby, e foi vista no saguão do hotel em que estava hospedada pela escritora Collette, que naquele momento trabalhava com a montagem da peça Gigi para a Broadway e que até então o papel-título ainda não tinha interprete, encantada com Audrey, decidiu que ela seria a sua Gigi.
Pouco tempo depois, Audrey participou da audição do filme ‘A Princesa e o Pebleu’ (ou Roman Holiday no título original) para interpretar a princesa Ana. O diretor William Wyler ficou encantado com a atriz e a escalou para dar vida a personagem, contracenando com Gregory Peck, que também se surpreendeu com o talento da companheira. O sucesso foi tanto que rendeu a ela o Oscar de Melhor Atriz. Três dias após a cerimônia do Oscar, recebeu o Tony por sua atuação em Ondine. Após ganhar seus dois primeiros prêmios, foi convidada para atuar no filme ‘Sabrina’, readaptação da peça Sabrina Fair de Samuel A. Taylor, que rendeu sua segunda indicação ao Oscar.
Em setembro de 1954 casou-se com Mel Ferrer, ao qual foi apresentada em uma festa por Gregory Peck, amigo em comum do casal. No dia 17 de julho de 1960 Audrey deu â luz ao filho Sean em Lucerna na Suíça, após sofrer quatro abortos espontâneos. Finalmente seu sonho de ser mãe tornou-se realidade.
Após um ano e meio de licença-maternidade em 1961, voltou a Hollywood para estrelar Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s no titulo original em inglês), em um papel que a transformaria em um ícone e pelo qual seria lembra para sempre. Por dar vida a acompanhante de luxo Holly Golightly a atriz recebeu sua quarta indicação ao Oscar. Em 1954 recebeu uma nova indicação ao Oscar por seu papel em ‘Mary Poppins’.
Em 1963, recebeu o papel principal do musical My Fair Lady, o da vendedora de flores Eliza Doolittle, mas a voz de Audrey não foi utilizada nas canções, sendo dublada. O que a fez não ser indicada ao Oscar por esse papel, outro fator foi a não-escolha de Julie Andrews, que interpretou Eliza na Boadway, para o papel.
Em seguida gravaria Como roubar um milhão de dólares, Um caminho para dois e Um clarão nas trevas, este último dirigido por seu esposo em uma tentativa falha de salvar seu casamento. Em dezembro 1968 Audrey Hepburn e Mel Ferrer se divorciaram devido as constantes crises de ciúmes do marido que insistia para que ela abandonasse a carreira de atriz. Após várias brigas diárias por ele se negar a dar a separação, Audrey fugiu de casa com seu filho, então após o processo na justiça o divorcio saiu em poucos meses.
Após o divorcio a atriz decidiu para de atuar e iniciou varias viagens pelo mundo, viajando algumas vezes com amigas para se distrair. Em uma dessas viagens se apaixonou perdidamente por um médico psiquiatra, Andrea Dorri, com quem se casaria seis semanas depois do divorcio. Sem imaginar ou esperar, Audrey foi pega de surpresa com uma nova gestação, ficando apreensiva com a situação, mas tudo correra bem. Ela deu â luz ao seu segundo filho, Luca Dotti, em 08 de fevereiro de 1970. O casal viveu uma ano em Roma, já nos anos seguintes a atriz passou a viver entre a Itália e a Suíça com o marido e os filhos.
Seis anos depois, em 1976 voltou a atuar estrelando Robin e Marian.
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Audrey Hepburn e seus filhos. |
No começo da década de 1980, Audrey se divorciou do marido após descobrir uma traição e saiu de casa com os filhos, mas o divorcio só foi concluído em 1982, por Dotti querer a guarda do filho e formalizar a partilhas de bens. A decisão foi favorável a Audrey que ficou com a maior parte da fortuna e a guarda do filho. A atriz decidiu então nunca mais se casar, se dedicando a carreira e aos filhos, somente se envolvendo com alguém por um compromisso sério de namoro, não matrimonio. Neste período gravou Muito riso e muito alegria (ou They All Laughed em inglês), onde conheceu Robert Wolders que tornou-se seu namorado e ficaram noivos, permaneceram unidos até a morte de Audrey.
Em 1987 deu início a talvez seu mais importante trabalho: o de Embaixadora da UNICEF. Audrey sentiu-se em débito com a organização, pois foi o "United Nations Relief and Rehabitation Administration" (que deu origem à UNICEF) que chegou com comida e suprimentos após o término da Segunda Guerra Mundial, salvando sua vida. Ela passou o ano de 1988 viajando, viagens estas que foram facilitadas por seu domínio de línguas que falava fluentemente francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol.
Já em 1989, fez sua ultima aparição em ‘Além da eternidade’ (ou ‘Always’ no título original), em uma participação especial como um anjo. Audrey passou seus últimos anos em incansáveis missões pela UNICEF, visitando países, dando palestras e trabalhando pelas crianças mais necessitadas dos países mais pobres.
Em 1992, infelizmente, foi diagnosticada com câncer de apêndice, que se espalhou para o cólon intestina. Iniciou tratamento, mas após pouco mais de um ano, não resistiu e faleceu às 07 horas da noite de 20 de janeiro de 1993, com 63 anos. Foi sepultada no cemitério de Tolochenaz, em Vaud na Suíça. Sem duvidas sua vida ficou marca na historia, sua luta por sobrevivência na Segunda Guerra Mundial, seus filmes e prêmios merecidissimos e sua faceta solidaria. Sua causa não morreu junto com ela, atualmente seu filho Sean administra a fundação Audrey Hepburn Childhood.