22 de dezembro de 2017

A Beleza Única da Alta-Costura



Aposto que ao menos uma vez você já ouviu o termo Alta-Costura no meio fashion, mas afinal o que realmente é? Em um exemplo muito simples e vago, podemos dizer que são os vestidos usados por celebridades no Red Carpet e modelos renomadas nos desfiles de moda, como os que acontecem no São Paulo Fashion Week, mas como e onde surgiu, quem faz, quanto custa e quem compra? Afinal, não deve ser a toa que as grandes marcas como Chanel e Dior possuem essa classificação de grande peso. Esse é o tema de hoje, então passa um delineador e vem ler o post que abre uma porta mágica para o mundo da moda. 

O que é? 

A Alta-Costura é a moda exclusiva, podendo ser feita sob-medida ou não, feitas à mão com materias de altíssima qualidade, mas não é qualquer peça feita que possa ser considera, não viu? Quem define o que é, o que não é também, é a Chambre Syndicale de la Haute Couture, nome em francês para Câmara Sindical da Alta-Costura, que estabelece e fiscaliza uma série de regras impostas a seus afiliados, ou seja, para receber a classificação uma grife precisa ter seu próprio ateliê em Paris (de preferência no Triangle d'Or, formado pelas avenidas Champs ElyséesMontaigne e George V). Outras regras, ainda mais rígidas, são empregar ao menos um staff em tempo integral de 15 pessoas, fazer as peças sob encomenda com ao menos uma prova de roupa e apresentar suas coleções ao público duas vezes ao ano, com no mínimo 35 looks cada para dia e noite. 

Algumas peças podem chegar a até 1000 horas de trabalhos feitos à mão, na Chanel, por exemplo, um terno é confeccionado por duas pessoas trabalhando o dia todo por duas semanas, já contou Lady Amanda Harlech que trabalho 18 anos na marca. A Alta-Costura tem a ver com técnica e não com preço, já que não geram lucro, mas, sim, visibilidade, pois estão na maioria dos Red Carpets. O que realmente gera lucro as marcas são os perfumes, cosméticos e acessórios, mesmo com um vestido podendo chegar e ultrapassar um preço de 6 dígitos. 


Quem faz? 

Algumas marcas tradicionais como Jean Paul GauteirChanel e Dior fazem parte dessa seleta lista, sempre cumprindo as exigências â risca para permanecer. Em 2015 vinte e duas marcas chegaram a fazer parte desta lista, sendo algumas delas Giorgio Armani PrivéMaison MargielaFendiDior, Elie Saab e Chanel. E a Versace nessa história toda? Por algumas questões econômicas, o sindicato resolveu afrouxar um pouco suas rédeas e começou a aceitar também membros estrangeiros que também passaram por uma seleção rigorosa para pertencer a tão cobiçada lista, que foi o caso da marca de Donatella VersaceGustavo Lins (brasileiro) e Giorgio Armani Privé, citado anteriormente. 
Tendo espaço também para mais uma categoria, dando lugar a outras marcas, a de membros convidados, criada em 1998 a fim de dar visibilidade a novas marcas de luxo por uma ou mais temporadas. Duas que receberam destaque em 2015 foram Ralph & Russo e Schiaarelli


Quem compra? 

Estima-se que mais ou menos quatro mil pessoas sejam clientes de Alta-Costura, mulheres e homens de todas as raças, nacionalidades e estilos diferentes esbanjam poder vestindo peças únicas e sob medida. De alguns anos pra cá, a Dior informou que a faixa etária dos seus compradores baixou de 40 anos para 30, jovens milionárias fazem vestidos de noivas e outras celebrações como uma "passagem" para o universo de luxo sem fim, já para outras é sinal de status no meio de seu grupo e vamos combinar que não tem nada mais original do que uma peça de Alta-Costura feita ao seu gosto e sob medida. Essas clientes, ou melhor, colecionadoras logo começam a ser paparicadas pelas marcas e recebem convites de fila A para assistir aos desfiles. 

A grande maioria das milionárias estão no exterior, normalmente a fortuna vem de um bom casamento ou herança de família, que acabam resultando em uma verdadeira hisória de Cinderela. Existem muitos casos de jovens que trabalharam duro como garçonete, mas casaram-se com bilionários, geralmente magnatas russos ou sheiks. Agora uma outra fatia do público vem se tornando maior, são as empresárias da área de tecnologia, jovens e já maduras profissionalmente, que ganham uma fortuna por mês. Só não vai achando que o Brasil fica de fora, algumas brasileiras fazem encomendas pela internet e vão até Paris para fazer a prova de roupa. 


Quanto custa? 

O preço passa longe de ser uma preocupação paras as compradoras, muitas estão acostumadas a usar peças de Alta-Costura em seu dia a dia, algo tão natural quanto pedir para uma costureira ajustar uma calça que está larga. O pagamento muitas vezes é feito por cartão de crédito, cheques e até mesmo dinheiro vivo, já o preço varia muito de marca e o modelo que procura, uma peça simples e sem muitos ornamentos pode começar em US$ 10 mil. Já os mais trabalhados em jóias e renda, como os modelos de noite, nem o céu é o limite, com o preço chegando a milhões quando pedras preciosas são adicionadas na composição. Com o preço exuberante, Alta-Costura é uma patente e não deveríamos usar o termo para referir-se a algo de fora da França, ensina João Braga, um dos maiores historiadores do país. Um bom exemplo de preço é o vestido de Giorgio Armani Privé usado por Cate Blachett no Oscar de 2014, a estimativa é que o vestido tenha custado US$ 100 mil, mais de 260 mil reais, duas vezes o preço de uma Mercedes Benz. Já que sonhar é de graça, continuamos aqui apaixonadas cada vez mais por essa moda que toma conta das passarelas e eventos mais importantes. 


Como e onde começou? 

O termo foi usado pela primeira vez para referir-se ao trabalho do inglês Charles Frederick Worth, que fez o primeiro desfile de moda em 1858 com modelos desfilando suas peças exclusivas e bem trabalhadas da época. Já a Chambre Syndicale de la Haute Couture foi criada em 1868 por uma associação de artesãos, um século mais tarde passou a fazer parte da Federação Francesa da Costura, Prêt-à-Porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda. Na época eram 100 marcas associadas, todas com notoriedade e exportação internacional, já hoje o número não é nem a metade. 

Que não é fácil entrar pra esse grupo vocês já sabem, mas acontece que já foi mais do que atualmente. Na época da Segunda Guerra Mundial criaram muito mais exigências para preservar a Alta-Costura na França, já que na época Hitler queria que ela migrasse pra Alemanha. Para fazer parte, nessa época, não bastava somente a roupa sob medida e a empresa sediada em Paris, o atêlie precisava se localizar no Triângulo de Ouro e em um prédio próprio, com 20 funcionários e 50 looks por temporada. Isso durou até 2001. 

Para garantir que a qualidade do trabalho de artesãos e estilistas de alta costura não caia, o Sindicato mantém uma escola desde 1928, com curso de modelagem e estilismo para costureiros e criadores que quiserem tentar entrar nesse meio luxuoso. 


- As lojas de Alta-Costura recebem o nome de Maison, o termo grife não pode ser utilizado.

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